Adestramento de animais previne comportamentos inadequados

Imagem de Freepik
Quem mora em Condomínios e convive com cachorros podem se deparar com situações incômodas, como latidos persistentes, brigas durante circulação em elevadores, falta de limpeza das fezes nas áreas comuns, entre outras. Por isso é tão importante adestrar os pets.
Por isso, a reportagem do Sindicond entrevistou o adestrador Júnior Soares, que esclarece as dúvidas dos moradores sobre o tema.
Quando iniciar o adestramento e tempo de duração
Segundo Soares, normalmente o adestramento é indicado para filhotes, para estabelecer uma boa comunicação e uma obediência desde cedo. É indicado também para casos mais extremos como agressividade, reatividade ou situações pontuais como fuga de portões, piscinas, socialização e passeios. Para outros casos, é indicada consultoria comportamental.
“Nem todo cão precisa ser adestrado, mas todo cachorro precisa ser educado. Para isso, um programa de consultoria comportamental pode auxiliar a família a conhecer e entender as necessidades daquela espécie, daquele indivíduo e criar rotinas, atividades e brinquedos que possam ajudar a melhorar a socialização, resolvendo e prevenindo problemas de comportamento”, explicou o especialista.
A participação da família é essencial. ”Essa consultoria pode ser realizada de forma presencial ou online, constituída por um, dois ou três encontros, seguidos de acompanhamento. Na maioria dos casos, é possível resolver os problemas apenas com essa consultoria e não é necessário um programa completo de adestramento, porém exige a participação da família, uma vez que entendemos que o cão hoje é inserido como um filho e as pessoas precisam atuar como pais na prevenção e solução de problemas”, disse o especialista.
O tempo de duração do adestramento pode variar, de acordo com o caso, a idade, a raça do cão e também a dedicação e a aplicação da família, porque o adestramento é um trabalho conjunto entre o profissional e a família, explicou. O tempo médio para conclusão de um trabalho de adestramento é entre quatro e seis meses.
O adestramento pode começar desde antes da chegada do cão, através do auxílio e seleção da raça, do canil e da escolha do filhote, bem como logo após a sua chegada, na orientação para educação sanitária de um filhote, socialização e, em caso de cães que já tenham outros em casa e outras espécies, bem como educação sanitária e inibição de mordidas. Quanto mais cedo iniciar o adestramento, melhor. Mas qualquer raça em qualquer idade pode ser adestrada e educada.
Quais raças são difíceis de treinar
Existem raças mais difíceis de treinar, porque são consideradas primitivas, de acordo com classificação no grupo 5 da CBKC (Confederação Brasileira de Cinofilia). Normalmente, essas raças têm instintos bem mais aflorados, são mais teimosas, independentes e inteligentes. Por isso, demandam mais trabalho.
Quais as raças são mais difíceis de adestrar:
- Samoieda
- Chow-chow
- Akita
- Shiba inu
- Spitz
- Husky
“Mas nós respeitamos e entendemos a individualidade de cada cão e, muito além das raças, nós fazemos uma avaliação e tratamos cada caso como único, de forma personalizada, de acordo com a necessidade e realidade da família e do cão”, disse o adestrador.
Quais são as queixas mais comuns em Condomínios
Normalmente, em Condomínios, as maiores queixas estão associadas a latidos, que podem ser por vários fatores, principalmente por cães que não ficam bem sozinhos; por falta de uma boa socialização; por excesso de vínculos com a família, porque na pandemia muitos cães conviveram dia e noite com os seus tutores e agora, com a volta de uma certa normalidade, essas pessoas começaram a sair de casa, mas os cães não sabem ficar sozinhos.
“É muito importante avaliar e entender a origem e a causa do latido, que pode ser desde um problema físico, uma dor, um problema crônico, solidão, medo, insegurança e até mesmo excesso de energia”, explicou Júnior Soares.
Outro problema bem comum em condomínio é a socialização, com ataque de cães dentro dos elevadores, ou problemas dentro de espaços pets ou pet place, onde os cães podem brigar, morder até mesmo se machucarem, mencionou o adestrador.
A educação sanitária é outra queixa comum, por falta de respeito do convívio com outras pessoas, quando os tutores não recolhem as fezes e permitem que seus cães façam as necessidades fisiológicas em qualquer local de convívio comum.
Fatores que desencadeiam comportamentos inadequados
Os cães precisam e devem ser sociabilizados desde cedo, principalmente na fase de quatro a 12 semanas de vida. “Se essa socialização é comprometida, provavelmente aparecerão problemas de comportamento no futuro. Para isso, uma boa consultoria comportamental pode auxiliar”, esclareceu o especialista.
Outro fator importante que desencadeia problemas relacionados a comportamento é a falta de atendimento das necessidades básicas dos cães, que são atividades alimentares, associadas a jogos, brincadeiras e brinquedos; atividades sociais que normalmente ocorrem nos passeios; atividades físicas que também podem acontecer nos passeios ou em jogos e brincadeiras dentro de casa; atividades cognitivas para o cansaço mental dos cães, bem como descanso. Os cães precisam descansar na maior parte dos dias. “A falta de equilíbrio entre essas cinco necessidades normalmente associam-se a problemas de comportamento, como reatividade, agressividade, destruição e até mesmo educação sanitária”, enfatizou o adestrador.
Por isso, é recomendado um programa de passeio para ensinar os cães a caminhar nas ruas. Não é natural para o cachorro a utilização de equipamentos como guias e coleiras, muito menos andar ao lado das pessoas. Isso precisa ser ensinado desde cedo. Uma boa adaptação a coleiras, peitorais e guias, bem como ensinar uma boa condução ao tutor e ao cão, além de um trabalho de socialização, são essenciais para que esse cão não empaque ou não fique latindo de forma reativa ou agressiva para outros cães e pessoas na rua. Isso pode ser resolvido com algumas aulas de adestramento.