COP30: o planeta como um grande condomínio em crise
Imagine a Terra como um imenso condomínio. Cada país é um apartamento, com seu tamanho, suas riquezas, seus problemas e responsabilidades. Há moradores que consomem mais recursos, outros que sofrem com vazamentos, infiltrações e enchentes vindas do descaso dos vizinhos. E há áreas comuns — florestas, rios, oceanos, o ar — que pertencem a todos, mas que ninguém cuida sozinho. Nesse cenário, a COP30 funciona como a assembleia de condomínio mais importante do planeta.
Assembleia marcada: Belém, apartamento da Amazônia
A COP30 será realizada em Belém, coração da Amazônia. É como se a reunião acontecesse no térreo, bem na porta da área verde do condomínio — aquela que todos dizem que é fundamental, mas poucos querem investir para conservar. Ali, os síndicos dos 197 apartamentos (países) se reúnem para discutir a reforma urgente do prédio: o clima está esquentando, os canos (rios e aquíferos) estão secando, muros desabando e moradores mais pobres sofrendo com goteiras que não causaram.
Quem paga o quê no rateio?
O maior conflito continua sendo a divisão da taxa condominial climática. Os países ricos — moradores das coberturas, que historicamente mais poluíram e consumiram energia — são cobrados pelos demais a pagarem uma parte maior da conta. Os países em desenvolvimento dizem: “Não podemos bancar sozinhos a reforma do prédio se nem fomos nós que quebramos o encanamento.” Já os ricos retrucam: “Ajudamos, mas todos precisam colaborar e comprovar que estão fazendo a sua parte.”
Regras do condomínio: o Acordo de Paris como regulamento interno
O Acordo de Paris funciona como o regulamento interno. Ele determina que o aquecimento global precisa ser mantido abaixo de 1,5 °C. Cada morador tem que apresentar um plano de ação — sua NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) — dizendo como vai reduzir emissões, economizar energia, preservar áreas comuns. Na COP30, os síndicos precisam mostrar se estão cumprindo ou se estão apenas “assinalando presença na ata”.
Amazônia: o jardim comum do condomínio
Escolher Belém como sede não é só simbólico — é estratégico. A Amazônia é como o jardim central do condomínio: regula a temperatura, a umidade, abriga espécies, dá sombra e água. Mas está sendo desmatada, invadida e queimada. O Brasil chega à assembleia com a responsabilidade de mostrar como pretende proteger esse espaço e ainda cobrar dos vizinhos apoio financeiro e tecnológico, já que cuidar do jardim beneficia a todos.